“Professamos que cremos num Deus que pode convencer pessoas com todo tipo de vícios. Professamos que cremos num Deus que pode curar doentes terminais desenganados por médicos. Professamos que cremos num Deus que pode salvar a quem quiser, do jeito que quiser e quando quiser. No entanto, quando um artista de renome professa Cristo, nós tendemos a crer que ele só está se aproveitando da fé como uma mercadoria”, introduziu Yago Martins.

“Nós nos alegramos com toda conversão do necessitado, do coitado, do doente e do moribundo. Nos alegramos com a conversão do vizinho que ouvia hip-hop. Mas, se o próprio cantor de RAP anunciar que se entregou a Cristo, nós desconfiamos”.

“Isso não é estranho. Paulo diz em I Coríntios que Deus escolheu os fracos, os necessitados, os pequenos, os loucos do mundo. Ele não chamou muitos grandes, muitos famosos, muitos ricos, muitos sábios. De fato, muitas pessoas se aproveitam da fé, como uma mera ferramenta comercial. Principalmente, músicos. Diante disso, como é que a gente lida com Kanye West?”, questionou.

“Por um lado, temos cristãos super empolgados, como se a conversão de um famoso fosse mais importante que a de qualquer outra pessoa”, disse o pastor. “Do outro lado, temos alguns cristãos com os pés atrás, com o rosto virado, com os lábios torcidos. Ambas são atitudes extremas, que levam em conta o status da fama do que as necessidades de Salvação”.

“De fato, é uma infelicidade que muitos usem o nome de Cristo como uma forma de autopromoção. Isso não acontece apenas com artistas: isso pode acontecer em nossas igrejas com pessoas comuns; com o marido que quer disfarçar o abuso à mulher; com o jovem que finge ser cristão para se aproximar da mocinha; com a mulher que se diz crente, mas posta fotos sensuais no Instagram”.

“Se Kanye West está apenas usando o nome de Deus para autopromoção, isto não é diferente de casos pontuais que podem passar desapercebidos ao nosso redor. O caso de Kanye West só teria maior visibilidade. Por isso, nós temos que presumir menos, e observar mais. Pelos frutos conhecemos quem realmente é filho de Deus”, aconselhou o pastor.

“Assim podemos constatar a validade da fé. É pela manifestação das obras que nós vemos a vida da fé. O problema é quando caímos em um dos extremos de repudiar ou abraçar acriticamente quem quer que seja, sem cuidado algum. Antes de julgarmos o RAP de Kanye West, nós temos que olhar para o nosso louvor desafinado”.

“Se o Kanye West passou boa parte da vida cantando RAP, e desenvolvendo suas técnicas musicais nesse estilo, não podemos apedreja-lo porque ele quer cantar, agora, músicas que falem acerca de sua fé nesse mesmo estilo. Não podemos esperar que ele mude do RAP para o pop, para o congregacional, para o soft-rock das nossas músicas de igreja. Alguém que passou a vida inteira como contador corrupto não precisa mudar de profissão quando encontra Cristo. Ele só vira um contador honesto”.

“Temos que esperar para ver. As suas letras foram realmente transformadas por aquilo que ele encontrou em Cristo Jesus, e ele tem dito isso explicitamente nas suas canções. Devemos desejar que isso seja de fato algo real, uma forma de Deus agir para salvar mais almas do reino das trevas para o seu maravilhoso Reino de Glória. Devemos orar para que Deus seja glorificado através disso”.

“Se a conversão de West se confirmar, estaremos junto com ele na Glória, diante do trono eterno, cantando louvores a Deus. Quem sabe algo da Harpa, quem sabe algo do Cantor Cristão, alguma coisa do Grupo Logos, do Hillsong e do Sovereign Grace, e porque não, um RAP sobre Jesus ser Rei”.

“[Kanye West] está pagando um preço de de juízo, julgamento e transformação de sua carreira. E tem levado muitas pessoas, que antes celebravam seus pecados a ouvirem acerca de sua transformação”, finalizou.

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