O debate sobre a doutrina da predestinação (ou eleição) tem crescido no meio evangélico brasileiro. No vídeo acima, dois pastores de posições opostas debatem o tema.
“Em nenhum texto da Bíblia, ou das cartas de Paulo, ele se chama de predestinado, no singular. Paulo, quando vai falar dele, ele se chama apóstolo de Cristo, servo de Cristo, servo de Deus, e quando ele vai falar da sua condição – aqui, desculpa, passa a régua e fecha a conta – Filipenses 3:13 e 14: ‘Quanto a mim, irmãos, eu não julgo que já tenha alcançado, mas uma coisa eu faço, e é que esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus nosso Senhor’. Ué, tá errado o texto. O apóstolo Paulo tinha que dizer ‘eu já tenho alcançado e prossigo para receber o que já está predestinado’”, diz o pastor Silas Malafaia.
Em contraponto, o vídeo traz em seguida um trecho de um sermão do pastor Paulo Júnior, da Igreja Aliança do Calvário, em que ele expõe argumentos bíblicos em relação à “soberania de Deus sobre a Salvação” e a chamada “predestinação” dos eleitos.
“Jonas 2:9: ‘Ao Senhor pertence a Salvação’. Salvação é de Deus, obra exclusiva, absoluta, soberana, unilateral, de Deus. É Deus quem salva e acabou”, introduziu Paulo Junior.
“Vamos ver o que muitos pensam sobre a participação de Deus na Salvação. O quanto Deus participa da Salvação, e o quanto Deus participa da condenação de alguém? Dizer que Deus Pai propôs a Salvação de toda a raça humana, que o Filho de Deus morreu com a expressa intenção de salvar a todos os homens, e que Deus Espírito Santo está agora esforçando-se por ganhar o mundo inteiro para Cristo, quando o que pode-se observar facilmente é que a grande maioria dos nossos semelhantes está morrendo no pecado, seria o mesmo que dizer que Deus Pai está frustrado, Deus Filho está insatisfeito e Deus Espírito Santo foi derrotado”, argumenta o pastor.
“Lançar a culpa da condenação dos homens no diabo, como muitos fazem, não remove a dificuldade. Porque se satanás está anulando o propósito de Deus em salvar os homens, então satanás é onipotente, e Deus já não é mais o ser supremo. Então, o diabo é que é onipotente, porque o diabo é que determina quem é salvo e quem não é, o diabo é quem manda. Deus quer salvar, mas não pode, o diabo não deixa”, diz Paulo Junior, aprofundando seu raciocínio.
“Você acha que o Deus que acabei de pregar aqui pede bênção pra satanás? […] Sustentar que o plano original do Criador tem sido anulado pelo pecado é destronar a Deus. Sugerir que Deus foi tomado de surpresa no Éden e que agora ele procura solucionar uma calamidade imprevista é degradar o caráter do Altíssimo ao nível de um mortal finito e falível. Argumentar que o homem é quem determina o seu próprio destino e portanto tem o poder de paralisar o seu Criador é despojar Deus dos seus atributos de onipotência, é chutar Deus do trono e dizer ‘é eu que mando (sic)’”, acrescenta.
“Deus salva quem Ele quer, como Ele quer, na hora que Ele quer, e Ele não salva todo mundo. Isso é soberania. Soberania total”, diz o pastor, convidando a conferir o conceito: “Antes da fundação do mundo, Deus fez uma escolha, uma seleção. Antes de criar o universo, Ele estava em perfeita harmonia com a Trindade. Lá na eternidade, onde não existia nada, só existia Pai, Filho e Espírito, e os três em conselho, ali, escolhem, antes que o universo fosse criado, quem Ele iria salvar. […] Diante de Seu olhar onisciente estava toda a raça de Adão. E dela, ele selecionou um povo, que se tornou predestinado à adoção como filhos, predestinados a serem conforme a imagem de Seu Filho e predestinados à posse da vida eterna”.
“O que é predestinação? Pré-destino. Deus decidiu o destino dos salvos, antes que os salvos nascessem. Os adotou como filhos, antes da fundação do mundo. Os escolheu para serem conforme Cristo”, enfatiza Paulo Junior.
“Vamos ver isso claramente, limpidamente, em Atos 13:48: ‘E creram todos que haviam sido predestinados à vida eterna’. O apóstolo Paulo está pregando aqui, e quando ele termina de pregar o sermão, por divina inspiração, Lucas escreve depois do sermão de Paulo”, reitera, em seu argumento sobre a predestinação.